Estudo CaMEO e a automedicação em casos de enxaqueca

Sabia que a automedicação e uso abusivo de alguns medicamentos pode elevar a dor de cabeça ou enxaqueca a outro patamar? Em um estudo publicado pela revista Neurology de Richard Lipton intitulado CaMEO (Chronic Migraine Epidemiology and Outcome) buscava interpretar a dor de cabeça por uso abusivo de analgésicos e anti-inflamatórios e suas consequências.

O problema da automedicação no tratamento de enxaqueca

A enxaqueca definida pela Classificação Internacional de Cefaleia como dor de cabeça que dura por mais de 15 dias. É uma doença neurológica crônica, prevalente na população brasileira, principalmente em mulheres em idade fértil jovem. Os sintomas levam a ataques dolorosos que debilitam os pacientes levando à fase aguda o que faz com que muitas vezes os pacientes optem pela automedicação.

O estudo sobre enxaqueca é uma pauta de saúde pública, pois os tratamentos na fase aguda buscam aliviar sintomas e restaurar estado funcional habitual do paciente, seguindo protocolos médicos. Porém, em casos de abuso de remédios e orientações médicas ineficazes, o quadro do paciente pode evoluir causando sobrecarga da enxaqueca (segundo a escala verbal numérica). Por isso, é necessário o acompanhamento de um diagnóstico preciso para não acarretar uma progressão da doença com o uso frequente de analgésicos e anti-inflamatórios na automedicação.

As causas mais comuns da cefaleia por uso excessivo de medicação são:

  • Cefaleia que ocorre mais de 15 dias por mês com pacientes que já têm cefaleia preexistente;
  • Automedicação e uso excessivo e frequente de remédios;
  • Tratamento agudo ou preventivo da dor de cabeça superior a 3 meses, tomando remédios como: ergotamina, triptanos (sumáx, neramig), opioides (tramal, morfina); analgésicos (paracetamol, aspirina, naproxeno, ibuprofeno, acetaminofeno);
  • Ingerir medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides (AINE) por mais de 15 dias no mês ou codeína por mais de 10 dias no mês.

O Estudo de Epidemiologia e Desfechos Clínicos da Enxaqueca Crônica (The Chronic Migraine Epidemiology and Outcomes Study – CaMEO) foi planejado para ampliar o conhecimento sobre o impacto da enxaqueca episódica e enxaqueca crônica nos pacientes, a fim de compreender como a doença afeta a população estadunidense.  

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A importância do estudo CaMEO

Objetivo da análise de dados no estudo CaMEO é interpretar o desfecho das enxaquecas crônicas e identificar algumas características sociodemográficas. Para relatar condições, como ir ao pronto-socorro com mais frequência e perder horas de trabalho. O estudo CaMEO é um estudo analítico observacional do tipo corte transversal, em que eles utilizaram a base de dados de setembro de 2012 a novembro de 2013. Os entrevistados participaram de diferentes modos para coletar dados clínicos da enxaqueca (contexto familiar, barreira de cuidado das comorbidades), e dados sociodemográficos, como:

  • Tipo de emprego;
  • Índice de massa corpórea;
  • Idade;
  • Estado civil;
  • Raça;
  • Etnia.

O estudo incluiu os módulos de:

  • Perspectivas dos Adolescentes sobre o Ônus da Enxaqueca de seus Pais: Resultado do Estudo de Epidemiologia e Desfechos Clínicos da Enxaqueca Crônica – CaMEO”;
  • Epidemiologia da Enxaqueca em Homens: Resultado do Estudo de Epidemiologia e Desfechos Clínicos da Enxaqueca Crônica – CaMEO”;
  • “Efeito dos Sintomas Psiquiátricos sobre a Incapacidade Relacionada à Cefaleia na Enxaqueca: Resultado do Estudo de Epidemiologia e Desfechos Clínicos da Enxaqueca Crônica – CaMEO”.
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Como critério de avaliação, foi importante questionar algumas qualidades inerente ao contexto social dos pacientes, como:

  • Frequência de dor de cabeça nos últimos três meses;
  • Uso de fármacos e por quantos dias;
  • Tipo de medicamentos;
  • Uso de recursos emergenciais;
  • O número de noites que passou em tratamento;
  • Verificação de transtorno de ansiedade ou depressão no perfil.

Os resultados obtidos informavam que 18% tinham enxaqueca que preenchiam o critério de uso abusivo de opioides e analgésicos comuns. Além disso, ⅔ dos pacientes não se enquadravam no caso de uso abusivo e automedicação, ou seja, sentiam menos de 15 dias dores de cabeça, por isso, não preenchiam o critério de cefaleia por uso abusivo de Anti-inflamatórios.

E quais são os problemas do abuso de remédios?

O descontrole de remédios e o uso deles dificulta o tratamento profilático, pois os médicos neurologistas precisam retirar o remédio da rotina dos pacientes para diagnóstico. Além disso, anti-inflamatórios e analgésicos podem causar cefaleia no uso excessivo de medicamentos que se torna prejudicial ao paciente.

Os cuidados da automedicação

O uso de medicamentos deve seguir as orientações médicas, por isso, em caso de dores de cabeça persistentes, consulte um médico neurologista. Não realize a automedicação sem receitas dos remédios indicados, o uso prolongado de analgésicos e anti-inflamatórios pode aumentar as cefaleias.

Richard B. Lipton, MD Medication Overuse and Headache Burden Results From the CaMEOStudy. Neurology: Clinical Practice June 2021 vol. 11 no. 3 216-226 doi:10.1212/CPJ.0000000000001037

Dr. Bruno Gonzales Miniello – Neurologista

CRM: 145.455 RQE 89792

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Dr. Bruno Miniello

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