O que é enxaqueca?
A enxaqueca, ou migrânea, é sem dúvida uma das principais dores de cabeça na população. Sabemos que a enxaqueca não tem cura, mas os sintomas podem ser amenizados com o tratamento adequado.
A dor da enxaqueca é unilateral, latejante e com intensidade variável, e costuma piorar com o qualquer tipo de esforço físico. Segundo a Classificação Internacional de Cefaléia- 3ed existem critérios exclusivamente clínicos para suspeita diagnóstica, por exemplo a presença de Fotofobia ( Piora da dor a exposição a luz) , Fonofobia ( piora da dor a exposição aos ruídos), presença de náusea e/ou vômitos e muitas vezes sintomas prodrômicos (irritabilidade, bocejos e etc). Assim, essa apresentação clínica variada e “turbulenta” prejudica as atividades funcionais diárias, limitando atividades laborais e interações sociais.
No entanto, a maioria dos médicos e pacientes acreditam na necessidade absoluta do exame de imagem. Existem critérios para expor o paciente a uma radiação, critérios esses revistos pela Continuum Neurology em 2021. É isso mesmo que você entendeu? Sim, nem sempre iremos solicitar uma tomografia ou uma ressonância para uma queixa como uma dor de cabeça. Realizar uma avaliação minuciosa é o primeiro passo e seu médico neurologista irá conduzir a investigação e o tratamento adequado em casos de enxaqueca.
Novo/Velho tratamento para enxaqueca: A Candesartana
“Os doentes com enxaqueca crônica reportam sistematicamente má qualidade de vida, apresentam pontuações elevadas em escalas de incapacidade, de depressão e altas taxas de presentismo e de absentismo laboral (com uma redução da produtividade superior a 50%).”
Diante deste impacto no âmbito social e econômico do mundo, afetando significativamente a qualidade de vida dos indivíduos novos tratamento estão em desenvolvimento e cada vez mais sendo testado em ensaios clínicos.
A candesartana sem dúvida é um desses resultados atualizados em estudos retrospectivos. Sendo seu papel principal de um bloqueador de angiotensina 2 e usada desde 1994 para o tratamento de hipertensão arterial, esses novos trials reconheceram que o principal efeito do medicamento está relacionado a forma que o sistema angiotensina aldosterona afeta o cérebro. Você não precisa decorar isso, é só a forma como o medicamento interage no seu organismo e esse benefício primário do estudo da candesartana como medicamento preventivo à enxaqueca está correlacionado com a diminuição da persistência da cefaleia.
Estudos do medicamento candesartana: tratamento para enxaqueca
No início do estudo do medicamento, o uso era indicado nos casos de insuficiência cardíaca e pressão alta. Entretanto, em 2003 foi publicado o ensaio clínico sobre a eficiência da candesartana, resultando na redução de enxaqueca em até 12 semanas.
Logo após, o estudo de 2004 randomizado comparando o uso da candesartana com o propranolol e outro comparativo com hipertensivo e placebo. No final desse experimento, os pacientes que tinham tanto enxaqueca crônica como enxaqueca episódica que usaram o remédio candesartana, apresentaram resultados suficientes para o medicamento entrar nas diretrizes do mercado europeu, italiano, dinamarquês, canadense e outros países que regularam o remédio com diferentes graus de recomendações.
No ano de 2021, um grupo espanhol realiza o estudo de coorte retrospectivo, mostrando que os pacientes com enxaqueca crônica ou episódica resultaram positivamente com o candesartana, obtendo melhorias nas primeiras semanas até 1 ano.
Os efeitos colaterais contêm tortura, hipertensão, queda de pressão, sono, alteração da relação do potássio. Além disso, acredita-se que o uso contínuo pode modular um pouco a questão do tônus muscular, regulação do fluxo cerebral, processo inflamatório e neurogênico.
Observação: o uso do candesartana não é indicado para menores de idade e gestantes
Carmem Rodriguez et al. Real world effectiveness and tolerability of candesartan in the treatment of migraine: a retrospective cohort study. Nature – 2021
Trovnik, E. Et al.Prophylactic treatment of migraine with an angiotensin II receptor blocker. A randomized controlled trial. JAMA 289(1), 65–69 (2003).
Stovner, L. J. et al. A comparative study of candesartan versus propranolol for migraine prophylaxis: a randomised, triple-blind, placebo-controlled, double cross-over study. Cephalalgia 34(7), 523–532 (2014).
Bruno Miniello- Neurologista e Neurorradiointervencionista
CRM: 145.455 RQE: 55.424/89.792