Varíola dos macacos: quais os danos neurológicos causados por essa doença?

Transmitidas a partir do vírus monkeypox, a varíola dos macacos é uma doença zoonose viral (quando o vírus é transmitido de animais para humanos) e seus sintomas se assemelham aos da varíola, ainda que, de acordo com o Ministério da Saúde, eles sejam clinicamente menos graves.

O que caracteriza a varíola dos macacos?

Assim como a varíola, a varíola dos macacos compartilha alguns dos sintomas da doença original. Além disso, ela é uma zoonose viral, transmitida originalmente de animais (como os macacos e outros roedores), mas ela também pode propagada entre humanos.

De uma pessoa para outra, a transmissão do vírus é por meio de contato pessoal, secreções respiratórias, lesões de pele ou o contato com objetos utilizados recentemente por uma pessoa contaminada.

Atualmente, sabe-se que existem duas cepas distintas do vírus monkeypox: a cepa da bacia do Congo e a cepa da África Central. Em humanos, a cepa da África Central é menos grave se comparada com a da Bacia do Congo.

O primeiro caso de varíola dos macacos em humanos ocorreu em 1970, na República Democrática do Congo. O paciente em questão era um menino de 9 anos.

Ainda não se sabe como surgiu essa doença exatamente, mas especula-se que a transmissão do vírus aos seres humanos foi por meio de contato ou ingestão de roedores contaminados. Desde a década de 70, o número de contaminados vem crescendo progressivamente. Em maio de 2022, houve uma explosão de casos, chegando a 27 mil pessoas infectadas em todos os continentes em meio de 4 meses.

Os sintomas da varíola dos macacos

Há três etapas de sintomas:

Período de incubação: o vírus demora cerca de 5 a 21 dias para sair da sua incubação. Durante esse tempo, não é apresentado nenhum sintoma;

– Início dos sintomas: após o término do período de incubação, os primeiros sintomas surgem. Nesse período é comum o paciente sentir: febre alta, mal-estar, dor de garganta, de cabeça, nos gânglios do pescoço, axilas e virilhas. Esses sinais podem variar conforme o paciente. É também nesse período que a pessoa transmite a doença para outros;

Surgimento das lesões: cerca de três dias após o início dos sintomas, surgem as lesões na pele, principalmente no nariz, testa, mão, genitais e pé. No começo eles se assemelham a uma espinha. Depois de um tempo, essas lesões crescem e caem, deixando cicatrizes na pele. Essa fase pode durar até 21 dias.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da varíola dos macacos é realizado de forma laboratorial. O exame realizado é muito semelhante ao de covid-19, o PCR, com a diferença de que, nesse caso, o material genético é coletado diretamente em alguma ferida no corpo.

Outra forma de se fazer o diagnóstico da varíola dos macacos é por meio do sequenciamento genético. Nesse caso, os laboratórios realizam uma identificação do DNA viral e o comparam com outros materiais nas bases de dados.

De acordo com uma matéria publicada pela CNN, o PCR ainda é a maneira mais eficiente de se coletar o material do vírus e chegar a um diagnóstico conclusivo. Ainda conforme a publicação, a previsão para o resultado do teste é de até 72 horas após o recebimento do material no laboratório.

Caso o resultado se mostre positivo, o recomendado é a pessoa se manter em isolamento até que as feridas no corpo desapareçam e cicatrizem por completo. Na maioria dos casos, não é necessário internação.

A varíola dos macacos pode causar danos neurológicos?

Conforme publicado em uma matéria do portal Terra, um estudo realizado por cientistas britânicos mostra que, após os sintomas iniciais da doença, algumas pessoas infectadas podem apresentar casos de encefalite.

A encefalite é uma inflamação do cérebro que pode causar febre, mal-estar, dor de cabeça intensas e convulsões. Além disso, os pacientes que apresentam essa condição também podem apresentar confusão mental, sonolência excessiva e coma – podendo causar óbito em estágios mais avançados.

Ainda de acordo com o estudo, cerca de 2% a 3% dos pacientes diagnosticados com formas mais graves da varíola dos macacos, apresentaram convulsões e casos de encefalite.

Há ainda hipóteses de que os pacientes, afetados por encefalite causada pela varíola dos macacos, também desenvolveram sequelas neurológicas como depressão e ansiedade. No entanto, segundo especialistas, é necessário realizar mais estudos para confirmar essa relação.

É importante que, se uma pessoa identificar quaisquer sintomas da varíola dos macacos, procure por assistência médica imediatamente. Quanto mais cedo ela for feito o tratamento, há menos chances de a doença evoluir para um caso mais grave.

Dr. Bruno Gonzales Miniello – Neurologista

CRM: 145.455

RQE 89792

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Dr. Bruno Miniello

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