O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma condição que afeta muitas pessoas ao redor do mundo. De acordo com o site tdah.org, a doença atinge pelo menos 5% das crianças no mundo e, na maioria dos casos, os sintomas persistem na vida adulta.
Dentre as principais características que acompanham o TDAH estão a desatenção, inquietude e impulsividade. De acordo com Couto (2010), o transtorno de déficit de atenção é um distúrbio neurobiológico causado por déficit funcional do lobo frontal, no córtex cerebral, além de outro déficit funcional de certos neurotransmissores.
O diagnóstico para TDAH é clínico, feito por um médico especialista. Não é necessário realizar exames de imagens, eletroencefalograma ou qualquer outro exame de avaliação física.
Os principais sintomas do TDAH
De acordo com Couto (2010) o TDAH pode ser diagnosticado caso alguns desses sintomas persistirem por, pelo menos, seis meses em um grau incoerente com o nível de desenvolvimento do paciente. Eles são divididos em sintomas de atenção e hiperatividade.
Sintomas de atenção:
– Deixar de prestar atenção com frequência a detalhes;
– Ter dificuldades em escutar quando lhe dirigem a palavra;
– Possuir dificuldade em organizar tarefas e atividades;
– Relutar com frequência a realizar tarefas que envolvam esforço mental (como tarefas escolares).
Sintomas de hiperatividade e Impulsividade:
– Frequentemente agitar as mãos ou os pés, além de se remexer na cadeira;
– Correr ou escalar em situações inapropriadas;
– Apresenta dificuldade para brincar ou desenvolver atividades de lazer em silêncio;
– Responder com frequência a perguntas antes delas serem concluídas pela outra pessoa.
O tratamento para TDAH
Conforme Segenreich (2004), o tratamento para o TDAH é realizado de forma multidisciplinar, ou seja, envolve normalmente a criança, família, escola e profissionais de saúde de diversas áreas. Apesar de haver medicamentos que podem auxiliar no tratamento, é ideal que essa via só seja utilizada quando estritamente necessária.
Ainda de acordo com Segenreich (2004), por conta dessa multilateralidade do tratamento, existem diversos métodos que auxiliam a criança em conseguir lidar com alguns dos sintomas do TDAH.
No campo da fisioterapia, temos auxílio no equilíbrio, noções do corpo e organização espaço-temporal.
Quando o paciente apresenta dificuldades como dislexia, há o auxílio fonoaudiológico, que é focado na organização do discurso, incremento do vocabulário e aumento na atenção e concentração.
Na área da psicologia, o profissional irá investigar fatores emocionais que podem interferir na qualidade de vida. Já na neuropsicologia, será utilizado instrumentos e aparelhos exclusivos do neurologista para realizar uma avaliação completa das atividades cognitivas. Os medicamentos são parte do tratamento e devem ser receitados pelo neurologista conforme as necessidades do paciente durante o processo.
TDAH em adultos
Apesar de estar muito relacionado à infância, o TDAH em muitos casos permanece no paciente quando ele atinge a fase adulta. Estudos demonstram que o transtorno persiste em torno de 60 a 70% dos casos (Mattos et al, 2006).
Assim como na infância, o TDAH em adultos tem como principais sintomas a falta de atenção e a hiperatividade. Porém, a diferença está no modo como essas características se manifestam. Excesso de atividades e trabalhos, direção impulsiva de automóveis e términos prematuros de relacionamentos são alguns dos exemplos de como o TDAH pode aparecer em um adulto (Mattos et al, 2006).
Além disso, é muito comum o adulto com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade se entediar com facilidade e procrastinar tarefas que não os estimulem. Outro sintoma observado é adiar a hora de ir dormir para poder dar mais tempo a atividades que o estimulam, enquanto possui dificuldades para acordar pela manhã e mantém um estado sonolento excessivo durante o dia.
Tipos de TDAH
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estático dos Transtornos Mentais, o DSM-V, existem três tipos de TDAH catalogados:
– Tipo hiperativo/impulsivo: pessoas com esse tipo tendem a ter dificuldades em permanecerem quietas ou sentadas. Socialmente, costumam falar muito e interromper aqueles com quem conversam completando suas frases antes de terminarem seu raciocínio;
– Desatento: comete erros e “deslizes” por descuido e falta de atenção. Possuem dificuldades em seguir instruções, organizar tarefas e atividades. Se distraem com facilidade por qualquer estímulo externo e perdem coisas com frequência;
– Misto/combinado: possuem um quadro que apresentam sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade.
Ao notar que vários desses sintomas sejam permanentes, é importante visitar um médico neurologista para que ele faça o diagnóstico e possa identificar qual tipo de TDAH o paciente pode ter.
Dr. Bruno Gonzales Miniello – Neurologista
CRM: 145.455
RQE 89792
Referências
Couto, T. S., Melo-Junior, M. R., & Gomes, C. R. A. (2010). Aspectos neurobiológicos do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): uma revisão. Ciências & Cognição, 15(1), 241-251.
Segenreich, D., & Mattos, P. (2004). Eficácia da bupropiona no tratamento do TDAH: uma revisão sistemática e análise crítica de evidências. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), 31(3), 117-123.
Mattos, Paulo et al. Painel brasileiro de especialistas sobre diagnóstico do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul [online]. 2006, v. 28, n. 1 [Acessado 10 Maio 2022], pp. 50-60. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0101-81082006000100007>. Epub 09 Nov 2006. ISSN 0101-8108. https://doi.org/10.1590/S0101-81082006000100007.